Razões para uma CPI

Uma das principais funções dos deputados é acompanhar e fiscalizar os atos do Executivo e verificar se o governante e seus assessores conforme os princípios republicanos. Quando há dúvidas e indícios de que esses princípios estão sendo feridos, quando há uma sistemática negativa do Executivo em responder aos pedidos de informações, quando há evidentes contradições nas explicações públicas, quando há reiteradas denúncias sobre desvios e comportamentos ilícitos na gestão pública, então temos fundadas razões para a instalação de um inquérito parlamentar.

No Rio Grande do Sul, desde pelo menos o final do primeiro ano da gestão de Yeda Crusius, todas essas premissas são reais. Temos não apenas um governo arrogante em sua essência, mas também indisposto a manter transparência sobre os seus atos e sobre a conduta dos que o compõem.

A CPI do Detran foi muito importante para que a sociedade gaúcha pudesse entender o verdadeiro emaranhado de relações escusas que gerou o desvio de R$ 44 milhões dos cofres do Detran. Foi o voto em separado da bancada do PT a base para a Ação de Improbidade Administrativa do Ministério Público Federal, indiciando a governadora e oito agentes ou aliados de seu governo.

Desde o início deste ano estamos convencidos da necessidade desta CPI. Não nos deixa satisfeito a idéia de que ainda resta muita sujeira em baixo do tapete . Sabemos a falta que este dinheiro desviado faz à saúde, à educação e à segurança dos gaúchos. A CPI instala-se, portanto, com uma responsabilidade redobrada em relação à CPI do Detran. Nosso objetivo é rastrear todos os tentáculos da corrupção, muitos dos quais com origem no governo anterior, do PMDB.

Não nos intimida sermos minoria na CPI. Partimos do pressuposto de que todos os deputados que optaram por integrar a Comissão estão ali para auxiliar no esclarecimento das denúncias e não para impedir a investigação. E se não for assim, contaremos, certamente, com o clamor popular pela transparência no governo e na política do Rio Grande.

* Deputado estadual do PT, signatário da CPI da Corrupção