Comitê estudará medidas para melhorar situação das escolas técnicas agrícolas

A falta de recursos financeiros e de professores nas escolas técnicas agrícolas do Rio Grande do Sul foram os principais problemas apontados em audiência pública, realizada na manhã desta terça-feira (24), promovida pela Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia (CECDCT). A Comissão vai criar um comitê de acompanhamento para dar sugestões ao governo do Estado e auxiliar na elaboração de projeto de lei prevendo quadro de recursos humanos capaz de atender à demanda existente. A reunião foi conduzida pelo presidente da CECDCT, deputado Mano Changes (PP), e aconteceu na Sala Salzano Vieira da Cunha.

Como a economia do Estado está alicerçada na agricultura, Mano Changes ressaltou a importância de investimentos nesta área de ensino. Apontou também que é importante pensar em investimentos na área de inclusão digital, diante das novas demandas tecnológicas em todos os setores.

O superintendente das Escolas Profissionais da Secretaria Estadual de Educação (Seduc), Vulmar Leite, ressaltou que o objetivo é haver um ensino técnico que prepare cidadãos para as novas demandas da sociedade. “Para nós é prioritário dotar as escolas técnicas com condições adequadas de estrutura física, recursos humanos e curricular”. Leite informou que o governo deverá encaminhar projeto de lei dispondo sobre recursos humanos para a educação profissionalizante

O representante da Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola, Fritz Roloff, afirmou que um dos problemas é a falta de professores habilitados para atender a demanda, pois a última turma de professores de ensino agrícola formou-se em 1992. Após essa data houve apenas cursos esporádicos de complementação, oferecidos por universidades. “É impossível oferecer educação de qualidade com R$ 1/dia-aluno”, sustentou. Além de mais recursos, a reivindicação é que as escolas técnicas tenham maior autonomia de gestão.

Política pública

Após relatar as medidas em andamento para o setor, Vulmar Leite anunciou que será agendada uma reunião com professores das escolas técnicas e especialistas da área. O objetivo é elaborar um plano estratégico para uma política pública de educação profissionalizante de longo prazo no Estado.

De acordo com Dílson Maciel da Silva, diretor da Escola Ildefonso Simões Lopes, de Osório, o ensino profissionalizante é fundamental para colocar jovens no mercado de trabalho. “Como está, não tem como continuarmos. Não há mais condições de mantermos as estruturas extremamente complexas das escolas técnicas”, avisou. Segundo o vereador de Osório, Miguel Calderon, muitos profissionais estão se aposentando, e os especializados para aturem na área de ensino agrícola estão começando a “entrar em extinção”.

Quadro de carreira

O diretor da Escola Técnica de Agricultura de Viamão, Evandro Cardoso Minho, ressalta que deve ser criado um quadro de carreira. “Nossa categoria é dedicada exclusivamente à escola, na manhã, tarde e noite”, complementa referindo-se a diferenças existentes em relação a professores que atuam em escolas técnicas agrícolas.

O vereador de Nonoai, Milton Francisco da Silva, aproveitou a audiência pública para expor a necessidade da região, envolvendo 12 municípios, de ter uma escola agrícola. “Os jovens estão saindo da zona rural em busca de estudo técnico”. A reivindicação também foi apresentada pelo secretário Municipal de Agricultura de Nonoai, Odinei Sartori.

Presenças

Dentre os presentes estavam o representante da Escola Técnica Rural de São Leopoldo, Oldemar Kolling; a diretora do Colégio Agrícola Daniel Oliveira Paiva, de Cachoeirinha, Sueli da Rosa Farias; e o representante do Conselho Estadual de Educação, Domingos Buffon.

Ordinária

Antes, em reunião ordinária da CECDCT, foram aprovados dois requerimentos de audiências públicas. Uma delas deverá debater a criação de uma Escola Técnica Federal de Saúde na Zona Norte de Porto Alegre, por requerimento dos deputados Mano Changes e Adão Villaverde (PT). E a segunda abordará o Plano Nacional e do Estatuto da Juventude, por solicitação de Mano Changes e do deputado Dionilso Marcon (PT).