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28 de Abril de 2024
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    Otomar Vivian: uma marca de gestões conciliatórias

    Professor de Educação Física formado pela UFSM, Otomar Vivian (20/12/1951) iniciou na vida pública como secretário-geral da prefeitura de Caçapava do Sul, sua terra natal, em 1977. Em 82, com 30 anos de idade, elegeu-se prefeito do município sem que sua família tivesse tido, até então, qualquer envolvimento com o mundo da política. Em 1990, elegeu-se deputado estadual pela primeira vez, pelo PDS. Em 94, candidato à deputado federal, ficou na primeira suplência. Em seguida, presidiu o IPE e foi secretário de Administração e Recursos Humanos do Estado. Elegeu-se novamente em 1998, assumindo a presidência da Assembléia em 2000, além de presidir a comissão especial que tratou da previdência do Estado. Retornou à presidência do IPE em 2003, conduzindo a autarquia no momento da reforma da Previdência no País.

    Entre os prêmios que recebeu, constam o Líderes e Vencedores , pela Federasul e ALRS, em 2006 e o Troféu Imprensa, em 2001. Na Assembléia, ocupou todas as funções que um parlamentar pode ocupar, incluindo a presidência da Comissão de Educação no polêmico período de implantação do calendário rotativo nas escolas, além das Comissões de Agricultura e Direitos Humanos. Presidiu a CPI da perda da Ford e foi, também, o primeiro ouvidor da Casa, além de líder de bancada. Considerado um moderado, costuma dizer que faz política de forma transparente. "As pessoas sabem o que penso, quando dou minha palavra, todos sabem que podem confiar, que aquilo vai acontecer".

    Casado, pai de dois filhos, recém-indicado para uma diretoria do BRDE, ocupa atualmente também a função de vice-presidente estadual do Partido Progressista (PP).

    Agência - Como foi o início de sua trajetória política?

    Otomar Vivian - A vida política na minha vida é um acaso. Minha família não tem tradição política, eu trabalhava com meu pai, que era sapateiro. Fui convidado para ser secretário-geral da prefeitura de Caçapava do Sul em 77 e depois retornei à sala de aula. Mas, em 82, fui candidato à prefeito com outros seis concorrentes, e venci.

    Agência - O senhor presidiu a Casa na vigência do governo Olívio Dutra, quando a maioria da Assembléia era de oposição. O que o senhor recorda daquele período?

    Otomar Vivian - Era o primeiro mandato do Partido dos Trabalhadores no Executivo Estadual. A principal bandeira era o Orçamento Participativo, o governo do PT pregava a democracia participativa e aqui havia resistências, muitos achavam que o Executivo queria desmerecer, desqualificar a democracia representativa. O primeiro ano, de 1999, foi de grande enfrentamento e turbulência política. No ano seguinte, como presidente, acho que pude imprimir uma gestão conciliatória, paciente, com boa dose de resignação - coisas que aprendi com meu pai. Tentei imprimir uma gestão de muito diálogo e entendimento, com todos os poderes e acho que ali se iniciou um processo de pacificação no meio político, o que levou a que o PT pudesse concluir, com relativa tranquilidade, o mandato no Executivo. Acho que, a partir dali, o próprio PT, verificando mais tarde a responsabilidade de ser o executor de políticas públicas, pode entender que quando tratamos de promessas de campanha trabalhamos com uma condição ideal mas, quando chega a hora de se executar as propostas, há a dificuldade normal do poder público. Acho que a política gaúcha ganhou com um temperamento como o meu, onde o diálogo é fundamental na prática política, o que não significa concordar com o outro, mas onde pode-se ter uma posição discordante com respeito ao interlocutor. Acho que o Fórum Democrático também foi importante neste momento. Foi um período muito rico em termos de prática política, e contando também a questão da virada do milênio, um período de fortes questionamentos.

    Agência - O senhor foi também o primeiro ouvidor da Assembléia. Qual o resultado prático desta experiência?

    Otomar Vivian - Foi um dos períodos mais ricos que vivi aqui na Casa. A idéia trouxe uma enorme credibilidade para a ouvidoria e contribuiu para aproximar o Parlamento do cidadão. Conseguimos atingir um retorno "on line" instantâneo de mais de 30%, e o retorno de 15 dias úteis, de acordo com a legislação, de quase 90%. Acho que a estrutura se consolidou, e criou uma cultura onde o cidadão passou a exigir de outros poderes e órgãos públicos - e até na iniciativa privada - medidas semelhantes.

    Agência - O senhor começou na política trabalhando no Executivo e depois veio ao Legislativo, vivendo outra rotina. Qual a sua preferência?

    Otomar Vivian - Comecei no Executivo, que vive da execução, da realização. Aqui na Casa a obra é outra. É uma obra invisível, feita a partir do diálogo, da discussão, da discordância e do entendimento. Enquanto estive aqui, e mesmo nas outras funções no Executivo Estadual, aprendi que todos os projetos que aqui ingressam e que muitas vezes o Executivo pensa ser o ideal, sofrem modificações e saem melhores do que quando chegaram. Quem olha de fora às vezes tem a impressão que o deputado muitas vezes não está analisando a proposta como deveria, mas as comissões e as assessorias técnicas fazem um trabalho muito importante, e as contribuições dos parlamentares aperfeiçoam a proposta. Acho que a Assembléia tem sido contemporânea e cumprido bem o seu papel. Não podemos achar que o que foi feito no passado está errado porque foi feito por outros. E precisamos entender que algo feito há algum tempo talvez precise ser modificado, aperfeiçoado, para se adequar aos novos tempos.

    Agência - O senhor pretende voltar a concorrer novamente?

    Otomar Vivian - Não, já não fui candidato no último pleito, tenho muita honra dos dois mandatos que exerci aqui, acho que foi um tempo suficiente. Acredito que, em qualquer atividade, inclusive na política, é preciso ter motivação e renovação. Em qualquer setor a renovação é importante. Já dei minha contribuição como parlamentar, e minha motivação hoje são para outras ações. Mas não estou me afastando da vida pública.

    Agência - Qual sua opinião sobre a reforma política, debate que está na ordem do dia da sociedade e do próprio Parlamento?

    Otomar Vivian - Entendo que qualquer modificação no sistema político deve valorizar os partidos. Isto tem que estar embasado em algumas premissas. Acho que a consagração da fidelidade partidária foi uma grande conquista, espero que não haja retrocesso nisso. Defendo também transparência e igualdade na disputa eleitoral e o financiamento público de campanha, e até a possibilidade que se faça isto com outros recursos, porém com o devido controle, é fundamental para que se possa escolher os melhores, independente da condição financeira. A questão do voto em lista é decisiva para que se possa consagrar o partido como a sustentação do processo político brasileiro. A consagração da fidelidade partidária pelo STF foi um avanço importante, e já demonstrou nas últimas eleições municipais - e deverá mostrar isto de forma melhor nas próximas eleições - que os partidos serão fortalecidos.

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